/Nota desde la prensa mexicana sobre el Eco-extremismo. Traducido y enviado por Anhangá/
“Os pensamentos surgidos em um momento de terror tem o mistério e os olhos petrificados de ícones bizantinos.”
-E.M. Cioran, O Crepúsculo do Pensamento
Em 11 de setembro de 2001 nossa visão de mundo mudou enquanto as torres do World Trade Center, localizadas no coração de Manhattan, Nueva York, caíam aos pedaços após serem impactadas por dois aviões comerciais sequestrados por integrantes do grupo jihadista Al Qaeda no mesmo momento em que um ato similar atingia o edifício do Pentágono e deixava-o seriamente danificado.
A partir deste momento, extremismo ou “terrorismo” deixou de ser apenas uma palavra e se converteu numa sombra sinistra disposta a atacar no momento menos esperado, causando o maior dano possível e deixando a sociedade mergulhada no caos. No entanto, o mais preocupante é a frequência com que estes ataques estão sendo realizados, pois condicionam o imaginário coletivo e o levam a um estado de paranoia, e simplesmente na medida em que o ano passa se pode contabilizar inúmeros ataques, sendo os mais destacados os ocorridos em Paris, Bruxelas e Orlando, mas sem contar os eventos quase diários que são realizados no Oriente Médio.
O Eco-extremismo
Menos visíveis e comentados foram os atos de extremismo cometidos nos últimos dias no México por um grupo radical conhecido como “Individualistas Tendendo ao Selvagem” que buscam desequilibrar o desenvolvimento tecnológico da sociedade através de ataques bem planejados aos pilares deste crescimento como é o caso dos centros educativos e científicos. Os chamados “eco-extremistas” argumentam que estão “contra o progresso humano, que corrompe e degrada toda a beleza que há neste mundo”.
Este grupo, que também tem presença na Argentina, Chile [e Brasil], afirma que não reconhecem nenhuma autoridade a não ser a da “Natureza Selvagem”, em suas próprias palavras: “matamos porque rechaçamos qualquer moral que nos queiram impor, porque não consideramos nem “ruim” nem “bom”, mas sim uma resposta de nossa individualidade a toda a destruição que gera o progresso humano”.
Não é um grupo novo, vem operando desde 2011 e, na verdade, tem se multiplicado em diferentes células que estão presentes no centro do país. Os métodos vão desde cartas bombas até ataques frontais. Assumiram ao menos meia dúzia destes acontecimentos até agora neste ano, sendo o mais recente o assassinato do chefe de serviços da faculdade de Química, José Jaime Barrera Moreno, que na segunda-feira, 27 de junho, foi encontrado morto com um ferimento causado no peito provocado por uma arma afiada, mas não é o primeiro e asseguram que não será o último.
Em uma entrevista concedida a Ciro Gómez Leyva na Rádio Fórmula, datada de 1 de julho de 2016, anunciaram que foram os responsáveis por 8 ataques realizados durante o mês de abril, embora não tenham tido cobertura mediática apesar de terem sido concretizados tal e como haviam planejado.
Nesta mesma entrevista revelaram que apesar dos ataques e assassinatos perpetrados no México até agora não foi detido nenhum integrante do grupo e que segundo eles se deve ao que, em suas próprias palavras, são as instituições de segurança do país, “uma PIADA”.
No entanto, apesar de ser um grupo ativo em constante expansão asseguram que sua única finalidade é a destruição, “porque nos encontramos em um ponto onde nenhuma mudança e nenhuma revolução serão suficientes para realizar uma transformação social, pois tudo está corrompido de maneira irreversível”. Neste sentido, também dizem que não apostam pela “caída da civilização, nem temos como finalidade a destruição desta”, o que alguns poderiam ver como uma contradição, mas no aspecto mais básico da existência, na Natureza Selvagem, é o que acontece quando um animal ferido se encontra encurralado, ele ataca até que não possa mais, “os eco-extremistas são como as abelhas, as quais enfiam seu ferrão para ferir a seu oponente (a civilização) lutando sabendo que morrerão tentando, já que está claro que nesta guerra não sairemos vitoriosos.”
O mundo está mudando diante de nossos olhos e a maioria destas mudanças estão baseadas no terror nascido do sistema no qual estamos imersos, pelo que a informação poderia significar a diferença, não se trata de saber tudo, mas de estar ciente destas alterações para fluir em consequência, seja para nos reencontrarmos como sujeitos sociais ou para seguir nos destruindo.
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